PATRIMÓNIO CULTURAL E RELIGIOSO

Ermida de São Julião

O Cruzeiro de São Julião é datado de 1784, contém entre um labirinto de letras a expressão “PELAS ALMAS”, e também o dístico “AVE MARIA” e “PADRE NOSSO” sendo também de realçar o monograma de Manuel Teixeira, mais que provável organizador do percurso denominado Caminho das Almas, unindo esta finisterra ocidental ao cemitério de Nossa Senhora do Ó.

Ligado também à visita anual do Círio da Água-Pé, assevera-se que “quem num biere cá em bida, de morto tem que bire”

Nota Histórico-Artística:

Implantada num local relativamente isolado, a ermida de São Julião destaca-se pelos seus volumes compactos, nos quais se abre a galilé lateral. São conhecidas algumas referências a eremitas aqui instalados desde a segunda metade do século XVI, nomeadamente Mateus Álvares, que ficou célebre por pretender fazer-se passar por D. Sebastião (LUCENA, 1987, p. 96). Todavia, o edifício que hoje conhecemos é bastante posterior, e o ano de 1758, inscrito na porta principal deverá datar a sua reedificação. De facto, grande parte dos elementos decorativos que aqui se encontram, particularmente os azulejos, inserem-se já num contexto neoclássico. 
A fachada principal, de remate em empena, é revestida por azulejo de padrão próprio da segunda metade do século XVIII, com molduras a enquadrar motivos florais, na zona inferior. O portal apresenta moldura trabalhada, onde se inscreve a data já referida e, ao centro, um emblema formado por uma coroa, atravessada por uma palma e uma espada. Por cima, uma cartela em azulejo, exibe a figuração dos patronos da ermida, São Julião e Santa Basilissa. 
Na realidade, a iconografia do interior da ermida reflecte a sua dedicação a São Julião e a Santa Basilissa, cuja história se encontra bem expressa nos painéis de azulejo que, organizados em três registos, revestem as paredes da nave e capela-mor. As molduras polícromas denotam a linguagem neoclássica, com uma ornamentação mais leve e delicada, a que se opõem as figurações, a azul e branco. 
A identificação das cenas representadas é facilitada pelas respectivas legendas, que visavam tornar a mensagem mais evidente e de compreensão imediata. 
Ainda na nave encontra-se um púlpito de madeira e o coro, assente sobre mísulas de cantaria. Por fim, na capela-mor, salienta-se o retábulo com as imagens de São Julião e Santa Basilissa. 
Uma última referência para a sacristia, cujo revestimento azulejar azul e branco deverá ser anterior ao da nave, e representa episódios da Paixão de Cristo. 
(Rosário Carvalho)

Fonte: Direção Geral do Património Cultural (ler texto original)

Informação do Património Arquitectónico:

Ermida rural de pequena dimensão e feição rustica, construída no século 18 no local de um possível ermitério quinhentista. Apresenta uma planta poligonal, conseguida pela articulação axial de três pequenos corpos retangulares, correspondentes à galilé, à nave única e à capela-mor profunda, mais estreita, com sacristia adossada à esquerda. Fachadas rebocadas e caiadas de branco, e, à exceção das fachadas da galilé, percorridas por faixa azul e flanqueadas por cunhais pintados da mesma cor, todas rematadas em friso e cornija. A fachada principal, orientada a sudoeste, é precedida por galilé fechada, apenas aberta lateralmente, a sul, rematada em empena triangular, apresentando no cunhal do lado direito um relógio de sol cúbico. O interior da galilé apresenta um revestimento murário a painéis de azulejo policromos, neoclássicos, da segunda metade de Setecentos, representando motivos vegetalistas, sob moldura de cercadura azul e sobre alto rodapé de esponjados, com almofadas marmoreadas a amarelo e rosetões centrais. Na parede nascente, fachada principal da ermida, envolvido na decoração azulejar encontra-se o portal de acesso à nave, em cuja verga se encontra inscrita a data da campanha construtiva (1758) e, ao centro um emblema formado por uma coroa, atravessada por uma palma e uma espada. Por cima, uma cartela em azulejo exibe a figuração dos patronos da ermida, São Julião e Santa Basilissa. O interior, de nave única e capela-mor, com coberturas diferenciadas de madeira em masseira, apresenta as paredes murárias totalmente preenchidas com painéis de azulejo figurativo barroco, em três registos, numa iconografia que reflete a sua dedicação a São Julião e a Santa Basilissa, cujos episódios são identificáveis por cartela com legenda. As molduras denotam a linguagem neoclássica, com uma ornamentação mais leve e delicada. Ainda na nave encontra-se um púlpito de madeira e o coro, assente sobre mísulas de cantaria. Por fim, na capela-mor, salienta-se o retábulo com as imagens estofadas de São Julião e Santa Basilissa. Uma última referência para a sacristia, cujo revestimento azulejar azul e branco deverá ser anterior ao da nave, e representa episódios da Paixão de Cristo

Fonte: Sistema de Informação para o Património Arquitetónico (ler texto original)